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ANTÔNIA FONTENELLE

Combativa, aguerrida e destemida

Entrevista Antônia Fontenelle: 

1. Você nasceu em Brasília como foi crescer na capital mais importante do Brasil? 

Resposta: Nasci em Brasília e aos 2 meses de idade fui adotada por um casal de sertanejos no sertão do Piauí, morei no sertão até os 10 anos de idade. Depois fui para Parnaíba, litoral do Piauí, para fazer o ensino médio. Aos 18 anos vim para o Rio de Janeiro aonde moro até hoje, estou com 47 anos. Aqui eu aprendi tudo, me fiz nessa cidade, aqui que eu fiz amigos. Me formei em artes cênicas, vivi amores, perdas e muitos ganhos, em uma vida normal faz parte perder e ganhar. “Eu amo o Rio de Janeiro, sou muito feliz aqui e me orgulho da minha coragem, da minha luta e das minhas conquistas”.

 

2. Qual foi a sua inspiração para seguir a carreira de atriz aos dezoito anos? 

Resposta: Minha inspiração surgiu quando eu vim para o Rio de Janeiro, eu já estava certa nesse propósito que queria vir para ser atriz. Aqui eu descobri o teatro que até então eu desconhecia, mas a primeira vez que eu senti essa vontade de fazer televisão, que eu conheci o teatro, foi numa cena em que eu vi Maria Zilda fazendo Vereda Tropical com Mário Gomes eu decidi crescer como atriz de televisão. Cheguei no Rio de Janeiro enveredei primeiramente no teatro e só depois que eu fui para televisão, mas minha grande paixão continua sendo o teatro mais que qualquer outra forma de representar.


3. Conte-nos como foi em 2004 a sua estreia na televisão em “A Diarista”? 

Resposta: Foi só uma participação rápida e boba, não senti como uma estreia na televisão, foi uma participação muito pequena (quase que insignificante, eu diria) para poder sentir o mesmo sabor da televisão de um papel que você chega e grava às vezes trinta cenas por dia. E foi na Malhação em 2009, que eu fiz a personagem “Kátia Valadares”, que era uma personagem central, um dos carros chefes da temporada e foi muito importante. Assim, lá eu aprendi a fazer a televisão e a importância de você voltar para casa com o dever de casa para ficar pronto no dia seguinte e aprendi a fazer televisão nesse ano inteiro de gravações intensas, paralelo a isso eu fazia um espetáculo da Maria Adelaide Amaral chamado “Vidas Divididas” com a direção também de Marcos Paulo, eu, Henri Castelli e Fernandinho Vasconcelos.
Então de dia eu estava gravando e à noite no teatro, foi uma época de muito trabalho, muito esforço, muita dedicação e muito importante para mim.

 

4. Você ficou mais conhecida quando participou da novela Malhação em 2009, e destacou-se em um dos papeis centrais da telenovela Balacobaco como a perua sem-noção Marlene, como lidou com a famosidade? 

Resposta:  A Marlene também foi outro personagem muito importante, um núcleo muito bacana, eu era muito fã do Umberto Magnani e vi ele desde pequena nas novelas de Manoel Carlos. 
Na verdade, o Magnani, como costumava dizer Manoel Carlos, era o pé de coelho dele, em toda novela Magnani tinha um personagem importante, e de repente, me ver ali fazendo a esposa em cena com Magnani, foi muito legal e ficamos muito amigos, uma pena que Magnani nos deixou. “Foi um presente que o Edson Spinello me deu e eu serei eternamente grata”.
A famosidade: Eu nunca tive problema nenhum com esta história de fama, nunca me deslumbrei com nada e sempre fui muito pé no chão, não gosto muito da palavra “fama”, ela é nociva e eu sempre batalhei para ser reconhecida pelo meu trabalho, o nome disso é sucesso. O sucesso sim é galgado de forma prudente com muita dedicação e a gente pode ter sucesso em qualquer área das nossas vidas, por um acaso eu estava na televisão, no rádio e no cinema e aí é vista com uma dimensão maior, mas fiz teatro desde muito cedo então a fama nunca me deslumbrou, sempre me dei muito bem com isso.

5. Como foi posar para a Playboy? 

Resposta: Playboy foi uma decisão muito assertiva. Foi um momento muito difícil da minha vida, eu não queria permanecer com o título de viúva e me fazer de coitadinha diante de tudo que tinha me acontecido, diante das filhas de Marcos Paulo, que tinham feito desfeita, esse massacre é público e notório que eu sofri após a morte do meu marido. E meu sogro Vicente Sesso me apoiou, o pai do Marcos Paulo, conversei com meu filho, que na época estava com dezoito anos, e eram as duas pessoas que me importavam no momento, e os dois me deram força para fazer. Então fui muito feliz em fazer o trabalho, foi um sucesso absurdo, o estouro de venda Playboy esgotou em 15 dias e eu tenho muito orgulho deste trabalho, depois entrei para a história da Playboy “As quarenta mulheres que fizeram a Playboy no Brasil”. E eu me orgulho muito de ter posado para a Playboy, eu sempre dizia que se a Playboy existisse aos cinquenta anos, eu posaria de novo, pena que não existe”.


6. Você se importa em falar de sua vida pessoal? Casada por quatro vezes, qual experiência você traz dos relacionamentos vividos? 

Resposta: Eu fui casada quatro vezes, fiquei 3 anos e meio com Fernando Almeida, pai do meu filho, depois eu casei com o lutador Márcio Cromado, fiquei 9 anos, depois 7 anos com Marcos Paulo e depois 2 anos com o Jonathan Costa, pai do meu filho. Cada relacionamento foi um relacionamento, fui feliz em todos e eles deram certo enquanto duraram. Dois deles, o primeiro e o último casamento, tive dois filhos lindos que são a razão da minha vida, o mais velho já me deu uma neta, eu vivo para eles e assim sou muito feliz. Sou amiga dos meus ex-maridos que foram pessoas muito importantes na minha vida e agora estou namorando de novo, se futuramente for o caso de morar junto, e eu acho que ainda estou nova, se duvidar ainda faço mais um filho.

7. É verdade que você é amiga do atual Presidente Jair Bolsonaro? 

Resposta: Eu entendo que quando a gente não é inimigo, é amigo, mas não sou uma frequentadora da casa do presidente e também não sou amiga de WhatsApp. Mas simpatizo muito com presidente e com seus filhos, tenho acesso a todos e não abuso disso, nunca pedi nada para o Presidente e nem para os filhos, eu acho que é uma relação amistosa de respeito e reciprocidade.

 

8. Em julho 2019 foi reconhecida pela Justiça como herdeira legítima do seu falecido esposo, Marcos Paulo, você considera vitória ou a justiça seja feita?

Resposta: Sim fui reconhecida como herdeira por que de fato eu era a herdeira dele, eu era a esposa dele e ele deixou por escrito que ele gostaria de me beneficiar com o que me era de direito, até hoje essa história não foi resolvida. O inventariante não consegue prestar conta do espólio como tem que ser, então enquanto isso não acontecer, a história vai se arrastar lamentavelmente. Sorte minha que eu nunca fiquei presa a esse assunto e nunca fiquei esperando esse dinheiro para ser feliz porque senão, eu estaria ferrada. Mas acho que a justiça foi feita como tinha que ser, não tinha outro caminho a não ser me reconhecer porque era uma relação pública e notória.

9. Você considera todo o sucesso de seu canal “Na Lata com Antônia Fontenelle” por expressar o que pensa ou pelos “nãos” que recebeu das emissoras?

Resposta: Eu não recebi “não” de emissora nenhuma, pelo contrário, todas tentaram de alguma forma me levar para algum projeto que não me convenceu, não me encheu os olhos e não alimentou minha alma. 
Eu já passei pelo SBT, pela Record, pela TV Globo, só a Band que não, e a Rede TV que até pouco tempo me convidava para fazer alguma coisa, mas não chegamos num denominador comum, tanto em relação ao produto quanto ao cachê. 
A Record eu entro e saio sempre que posso quando eles me convidam para participar de alguma coisa, sempre uma relação muito boa com a Record e continuo tendo. Eu já passei pelo SBT trabalhando com Sr. Raul Gil e agora em 1º de julho a gente retoma as gravações do “Elas Querem Saber”, não sei até quando vai o quadro, mas eu deixo as portas abertas por onde passo e eu nunca recebi não de ninguém, graças a Deus. 
E o sucesso do meu canal se dá pelas pessoas que eu trago pela forma genuína com a que conduzo, modéstia parte, não tem personagem, eu trabalho com a verdade e pela dedicação mesmo, eu acho que é pela minha forma peculiar de apresentar e também pelos casos que eu já resolvi aqui no “Na lata”, e acho que é daí que o sucesso vem.
 

10. No cinema contracenou “Assalto ao Banco Central”, foram seis novelas importantes de grande sucesso, de 2013 a 2018 algumas participações especiais na televisão. Quais são os projetos futuros além do canal do YouTube?

Resposta: Eu não fiz seis novelas, eu fiz duas novelas inteiras e um especial de fim de ano na Record, fiz umas três participações na novela ‘Tititi, A vida da gente’ e na TV Globo ‘Paraíso Tropical’, mas não dá para contar como uma novela inteira, só fiz duas novelas inteiras com bons personagens.
E Assalto ao Banco Central eu não fiz só uma participação, a ideia foi minha, eu fiz o elenco, argumentei e trabalhei na produção executiva, o Marcos dirigiu e depois a Total Filmes e a Fox compraram a ideia e fizeram coprodução. E foi aí que eu fiz uma pequena participação porque uma atriz que eu tinha chamado que não estava acertando o tom, na hora precisava resolver a cena e não dava para chamar outra atriz, então como eu estava lá do lado, acabei fazendo. E foi um grande sucesso, depois de Tropa de Elite, fez a segunda maior bilheteria no gênero de ação.
Projetos futuros: Eu sempre tive vontade de fazer o meu canal com plateia, caso não concretize a ideia de uma TV a cabo que me chamou para apresentar um programa, pode ser que eu venha a fazer meu programa com plateia. Estou estudando o convite de alguns partidos para ingressar na política, mas não é nada definitivo, eu não decidi ainda se quero. Eu não sou muito de fazer planos, um belo dia eu acordo e penso “quero fazer isso”, e aí eu vou tentar pôr em prática. Meu projeto para o futuro é viver, ser feliz, eu tenho planos de montar um espetáculo, tem o filme da Gretchen que eu ainda pretendo dirigir e produzir conforme prometi para ela, tem um monte de coisas ainda para acontecer, mas o que tiver ao meu alcance e for dos planos de Deus para acontecer, vai acontecer.


Jornalista: Jo Ribeiro
Mtb.78555-SP - Fenaj Internacional BR16610 - SJSP 22141

 

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