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Elas chefiam casas, enfrentam jornadas duplas, det\u00e9m a maior parcela de responsabilidade quanto aos filhos por uma vis\u00e3o cultural, precisam estar sempre esteticamente apresent\u00e1veis e se provar \u00e0 sociedade \u00e9 um compromisso di\u00e1rio. A mulher moderna vive uma realidade que nunca existiu na hist\u00f3ria. Se por um lado os ganhos quanto a independ\u00eancia trouxeram avan\u00e7os, e dilemas sobre como as press\u00f5es sociais atuais afetam o bem-estar e a sa\u00fade mental delas. \u00a0<\/p>
Dados levantados pelo Instituto de Pesquisa Econ\u00f4mica Aplicada (Ipea) revelam que mulheres s\u00e3o respons\u00e1veis financeiramente por 45% dos lares brasileiros, por\u00e9m os sal\u00e1rios ainda s\u00e3o 27% menores que o dos homens segundo outro recorte da Funda\u00e7\u00e3o Sistema Estadual de An\u00e1lise de Dados. \u00a0<\/p>
\u201cApesar do estilo de vida contempor\u00e2neo colocar em an\u00e1lise que n\u00e3o \u00e9 apenas responsabilidade da mulher as quest\u00f5es relacionadas \u00e0 casa e aos filhos, do ponto de vista da realidade brasileira, grande parte destas chefes de fam\u00edlia se comprometem com todos os aspectos dessa rotina complexa e que pode ser estressante. \u00c9 uma jornada dupla, que muitas vezes pode ser tripla, e que exige altos n\u00edveis de disposi\u00e7\u00e3o f\u00edsica e mental\u201d, analisa a fisiologista D\u00e9bora Garcia.\u00a0<\/p>
Analisando a hist\u00f3ria da sociedade, atualmente a mulher possui maior autonomia de decis\u00e3o em diversas \u00e1reas da vida: escolha da profiss\u00e3o, se e com quem relacionar, ser ou n\u00e3o m\u00e3e, tudo isso somado \u00e0 press\u00e3o sobre os pap\u00e9is que culturalmente a comunidade acredita que elas precisam desempenhar. D\u00e9bora Garcia aponta que as mulheres t\u00eam direito a escolhas que outras gera\u00e7\u00f5es n\u00e3o tiveram e isso, ao mesmo tempo que \u00e9 positivo, gera de uma maneira silenciosa a necessidade de estar sempre prestando contas.\u00a0<\/p>
\u201cO mundo quer saber se voc\u00ea \u00e9 uma mulher independente, centrada e se tem uma est\u00e9tica que agrada \u00e0 sociedade na qual est\u00e1 inserida. \u00c9 questionada quando se relaciona e quando n\u00e3o, \u00a0se decide ou n\u00e3o ser m\u00e3e. Ao mesmo tempo que se ganha liberdade \u00e9 como se a tiv\u00e9ssemos perdido em outros sentidos\u201d, diz D\u00e9bora.<\/p>
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Equil\u00edbrio entre independ\u00eancia e sa\u00fade mental\u00a0<\/strong><\/p> O panorama abre espa\u00e7o para discuss\u00e3o sobre o porqu\u00ea da sa\u00fade mental das mulheres ser mais prop\u00edcia a adoecimentos. De acordo com a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade, a cada um homem com depress\u00e3o, duas mulheres sofrem com a doen\u00e7a. \u00a0<\/p> Al\u00e9m dos fatores gen\u00e9ticos e biol\u00f3gicos \u2014 \u00e0 exemplo, um estudo da Young Women Trust em parceria com a University College London mostrou que o c\u00e9rebro da mulher possui mais vulnerabilidade a inflama\u00e7\u00e3o \u00a0e diminui\u00e7\u00e3o dos mecanismos de recompensa \u2014, as mulheres possuem viv\u00eancias externas que podem contribuir o maior adoecimento. \u00a0<\/p> \u201cUm exemplo \u00e9 com rela\u00e7\u00e3o ao constante n\u00edvel de estresse da mulher que sente mais inseguran\u00e7a com rela\u00e7\u00e3o a sua integridade f\u00edsica do que um homem, realidade que vai impactando nossa vida no dia a dia. O que afeta nossa sa\u00fade mental \u00e9 um trip\u00e9: nossa carga gen\u00e9tica, as experi\u00eancias que tivemos, com quem convivemos e nossos h\u00e1bitos\u201d, analisa a fisiologista. \u00a0<\/p> A fisiologista D\u00e9bora Garcia chama aten\u00e7\u00e3o para outro aspecto: a caracter\u00edstica c\u00edclica da mulher. \u00a0\u201cQuerer encaixar uma mulher dentro de um ser linear \u00e9 querer encaixar uma estrela dentro de um quadrado, n\u00e3o funciona e isso tem um pre\u00e7o. Temos caracter\u00edsticas hormonais que afetam diretamente no estado de humor e a disposi\u00e7\u00e3o f\u00edsica, o que vai na contram\u00e3o da necessidade de estar sempre ativa e produtiva\u201d, alerta.\u00a0<\/p> Segundo ela, v\u00e1rios destes aspectos fisiol\u00f3gicos v\u00e3o, ao longo do m\u00eas e da vida, impactando a sa\u00fade mental dessa mulher que saiu da press\u00e3o de ser uma mulher do lar, para a de ser um ser social produtivo e ativo sem tempo para se conhecer psicologicamente e fisicamente. \u201cAcredito que a mulher contempor\u00e2nea, muitas vezes, n\u00e3o consegue visualizar e respeitar essas caracter\u00edsticas fisiol\u00f3gicas, visto que ela se cobra constantemente de estar ativa, disposta e bem humorada\", diz.<\/p> \u00c9 necess\u00e1rio encontrar um equil\u00edbrio entre a mulher forte e a mulher que precisa de cuidados, sem se deixar levar pelo ideal de Mulher Maravilha. \u201cN\u00e3o podemos mudar nossa gen\u00e9tica, mas h\u00e1bitos e comportamento sim. Ao cuidar mais do corpo, optar por uma alimenta\u00e7\u00e3o mais balanceada e principalmente ao aderir \u00e0 rotina de exerc\u00edcios, a mulher pode alterar a neuroqu\u00edmica do c\u00e9rebro e influenciar na produ\u00e7\u00e3o de endorfina e na manuten\u00e7\u00e3o do bem-estar. \u00c9 preciso estar bem para ser a mulher que desejamos ser\", recomenda.<\/p>","indexed":"1","path":[1528,1390,1826],"photo-thumb":null,"sdescr":null,"tags":[],"extracats":[],"request":"public","redir":null,"type":"showroom"},w.pageload_additional=[],w.cg_webpartners_dl=!0,w.cg_holiday=0;})(window,top) Elas chefiam casas, enfrentam jornadas duplas, detém a maior parcela de responsabilidade quanto aos filhos por uma visão cultural, precisam estar sempre esteticamente apresentáveis e se provar à sociedade é um compromisso diário. A mulher moderna vive uma realidade que nunca existiu na história. Se por um lado os ganhos quanto a independência trouxeram avanços, e dilemas sobre como as pressões sociais atuais afetam o bem-estar e a saúde mental delas. Dados levantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que mulheres são responsáveis financeiramente por 45% dos lares brasileiros, porém os salários ainda são 27% menores que o dos homens segundo outro recorte da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. “Apesar do estilo de vida contemporâneo colocar em análise que não é apenas responsabilidade da mulher as questões relacionadas à casa e aos filhos, do ponto de vista da realidade brasileira, grande parte destas chefes de família se comprometem com todos os aspectos dessa rotina complexa e que pode ser estressante. É uma jornada dupla, que muitas vezes pode ser tripla, e que exige altos níveis de disposição física e mental”, analisa a fisiologista Débora Garcia. Analisando a história da sociedade, atualmente a mulher possui maior autonomia de decisão em diversas áreas da vida: escolha da profissão, se e com quem relacionar, ser ou não mãe, tudo isso somado à pressão sobre os papéis que culturalmente a comunidade acredita que elas precisam desempenhar. Débora Garcia aponta que as mulheres têm direito a escolhas que outras gerações não tiveram e isso, ao mesmo tempo que é positivo, gera de uma maneira silenciosa a necessidade de estar sempre prestando contas. “O mundo quer saber se você é uma mulher independente, centrada e se tem uma estética que agrada à sociedade na qual está inserida. É questionada quando se relaciona e quando não, se decide ou não ser mãe. Ao mesmo tempo que se ganha liberdade é como se a tivéssemos perdido em outros sentidos”, diz Débora. Equilíbrio entre independência e saúde mental O panorama abre espaço para discussão sobre o porquê da saúde mental das mulheres ser mais propícia a adoecimentos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a cada um homem com depressão, duas mulheres sofrem com a doença. Além dos fatores genéticos e biológicos — à exemplo, um estudo da Young Women Trust em parceria com a University College London mostrou que o cérebro da mulher possui mais vulnerabilidade a inflamação e diminuição dos mecanismos de recompensa —, as mulheres possuem vivências externas que podem contribuir o maior adoecimento. “Um exemplo é com relação ao constante nível de estresse da mulher que sente mais insegurança com relação a sua integridade física do que um homem, realidade que vai impactando nossa vida no dia a dia. O que afeta nossa saúde mental é um tripé: nossa carga genética, as experiências que tivemos, com quem convivemos e nossos hábitos”, analisa a fisiologista. A fisiologista Débora Garcia chama atenção para outro aspecto: a característica cíclica da mulher. “Querer encaixar uma mulher dentro de um ser linear é querer encaixar uma estrela dentro de um quadrado, não funciona e isso tem um preço. Temos características hormonais que afetam diretamente no estado de humor e a disposição física, o que vai na contramão da necessidade de estar sempre ativa e produtiva”, alerta. Segundo ela, vários destes aspectos fisiológicos vão, ao longo do mês e da vida, impactando a saúde mental dessa mulher que saiu da pressão de ser uma mulher do lar, para a de ser um ser social produtivo e ativo sem tempo para se conhecer psicologicamente e fisicamente. “Acredito que a mulher contemporânea, muitas vezes, não consegue visualizar e respeitar essas características fisiológicas, visto que ela se cobra constantemente de estar ativa, disposta e bem humorada", diz. É necessário encontrar um equilíbrio entre a mulher forte e a mulher que precisa de cuidados, sem se deixar levar pelo ideal de Mulher Maravilha. “Não podemos mudar nossa genética, mas hábitos e comportamento sim. Ao cuidar mais do corpo, optar por uma alimentação mais balanceada e principalmente ao aderir à rotina de exercícios, a mulher pode alterar a neuroquímica do cérebro e influenciar na produção de endorfina e na manutenção do bem-estar. É preciso estar bem para ser a mulher que desejamos ser", recomenda. Equipe Revista DigitAL Destaque André Lap - CEO & Diretor Adriel Alves - WebDesigner Ariel Alves - Designer Aija Alves - Designer Publicado porUtilizamos cookies para fins analíticos e funcionais visando melhorar sua experiência com nosso website.
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Neste Dia Internacional da Mulher, a fisiologista Débora Garcia fala sobre as pressões e consequências do ideal de mulher produtiva que se criou nos últimos anos
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em 03/02/2022 às 17:20