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Monica Cury - História no off-road

Um pouquinho da minha história, que é recheada de desafios... Essa é a a história de quem não precisou tirar a roupa, não precisou pintar o corpo, não precisou usar de nenhum artifício vulgar para conquistar um lugar em um universo totalmente masculino. Deu um pouco de trabalho, foi um desafio e tanto, mas eu consegui! Foram quase 30 anos entre trilhas e mais de 200 competições de enduro de regularidade e de velocidade. Vou contar aqui como foi que eu entrei nesse universo e como foram as minhas participações nas edições do Enduro da Independência, que é o maior Enduro de Regularidade do Brasil.

A palavra Enduro vem da palavra ENDURANCE, que significa resistência. Por isso esse enduro é realizado em vários dias. Começou com 3 dias, passou para 4 dias e este ano serão 5 dias de competição. A ediçao de 1990, foram 6 dias (sendo 5 dias de prova), pois teve um dia de intervalo entre o segundo e o terceiro dia de competição. Ficou puxado demais e no ano seguinte (1991), reduziram novamente para 3 dias de competição. A partir de 1994, a prova passou a ter 4 dias. O Enduro da Independencia sai sempre de uma cidade de um estado e chega em outra de outro estado. O primeiro saiu do Rio de Janeiro e chegou em Belo Horizonte. A cada ano há um roteiro novo, mas por muitas vezes, saimos do Rio para chegarmos em Minas Gerais.

Eu participei de 30 edições do Ei (como ficou conhecido o Enduro da Independência), sendo vinte e quatro como piloto e seis como apoio do marido Euclydes, que é o único piloto do Brasil, que participou de todas as edições do Ei. Esse ano será realizada a quadragéssima edição e ele estará lá mais uma vez. E assim por todas essas participações rendeu a ele, ter o seu nome como o nome do mascote do Ei. Euclydes que além de ter sido o responsável por eu ter me tornado piloto, sempre foi um grande incentivador.

Além de ser piloto, durante 10 anos (entre 1999 a 2009), também fui responsável pela hospedagem de centenas de pilotos e apoios no Enduro da Independência, que ficou conhecida como a TURMA DA MONICA.

Tenho muitas histórias para contar sobre o que vi e vivi nos mundo off road e em especial do maior enduro de regularidade do país, EI.

 

Mas tudo tem um começo...

Em 1981 a DT 180 chega às lojas e eu, escondida de meus pais, comprei um consórcio de cinqüenta meses. Tinha certeza de que até ser sorteada saberia como conduzir o assunto em casa. Quinze dias depois, recebi um telegrama que me informava ter sido sorteada na 1ª assembléia. A partir daquele momento, a moto entrou definitivamente na minha vida. A Dtzinha ficava guardada na casa do Euclydes (na época meu namorado).

Foi nesse momento que abandonei as passarelas. Eu era modelo, já não estava gostando daquele mundo, e o off-road me encantou de uma maneira, que não pensei duas vezes em abandonar as passarelas e entrar de cabeça em um outro mundo. Vale ressaltar que esse outro mundo era totalmente masculino, mas de alguma forma eu tinha certeza de que conseguiria ter um lugar lá dentro. Eu estava certa!

 
Nas passarelas

 

Conservatória – O berço do Trail no Rio de Janeiro.

Era para lá que íamos, quase todo final de semana, para andar de moto. Foi lá que aprendi a amar a liberdade e o prazer que o trail nos proporciona. Foi lá que aprendi a importância do respeito, que tive minhas primeiras dificuldades...


Conservatoria - 1982

A galera com quem eu andava, na época, era a nata do esporte no Rio. Euclydes, Marcelo Gomes, Caio Pacífico, Cláudio Figueiredo, Márcio Matz e alguns outros.

Sou a treieira pioneira no Rio de Janeiro. Em BH e em SP tinha umas meninas que andavam, mas nenhuma delas continuar no esporte... O curso foi extenuante, intensivo... Era na base do vai ou racha. Caiu? Machucou? Então vam'bora... Foi em 1982, em Conservatória que aconteceu a primeira prova de trail do Rio de Janeiro, e que participei de conversas sobre a remota possibilidade de se organizar, fundar um clube, que viria a ser o primeiro moto clube carioca exclusivamente voltado para o trail. Assim nasceu o Rio Trail Clube, o RTC. Clube que anos mais tarde me tornei Presidente. Com certeza sou a única mulher piloto, que foi presidente de um motoclube que organizou competiçoes de off-road.

Foi, também, em Conservatória, já em 1983, que soubemos de um tal "enduro de três dias", ligando o Rio a Belo Horizonte, que viria a ser o 1º Enduro da Independência, iria acontecer... Em Conservatória, também participei pela 1ª vez de um Enduro. Detalhe, no inicio de 1983, sofri um grave acidente de moto na rua, que me deixou bem machucada, quebrada e tres meses de muleta sem poder por o pé no chão. Quase desisti, mas fiquei boa e a vontade de pilotar falou mais forte.

Na largada do 1ª Independência (set 1983) fiquei babando, mas sabia que ainda não tinha a experiência necessária.

Em 1984 tive de comunicar em casa que faria o Independência. Minha primeira grande prova! Eu já estava competindo no Campeonato de Enduro de Velocidade do Estafo do RJ, mas eles não sabiam. Então meus pais perguntaram se eu iria fazer o apoio para o Euclydes, como no ano anterior. Ficaram bastante surpresos quando respondi: Não!!! Eu vou correr!!!

Aquele Independência largou em Parati. Eu, que esperava ter a companhia da minha dupla durante todo o percurso, me vi sozinha, pois a organização inovou e minha dupla largava de Taubaté no mesmo momento em que eu largava de Parati, só vindo a nos encontrar em Guaratinguetá (neutro principal). Só quatro mulheres participaram desta edição, eu, minha parceira e uma dupla de mineiras.

Além de todas as dificuldades de uma grande e primeira prova, para completar, no terceiro e último dia que largava de São João Del Rei, o mundo caiu. Choveu durante toda à noite, na largada e durante todo o dia. Foi aí então, que percebi de que nunca havia feito trail na chuva, portanto eu não sabia andar na lama. Foi um desastre. A lama era tanta que quando eu conseguia andar 2 metros para frente, andava 1 metro para trás. Levei uns quinhentos tombos. Aquele dia parecia não ter fim, uma verdadeira eternidade. Fui superando, com bastante dificuldade, as adversidades do roteiro e consegui chegar, mais morta do que viva em BH. Foi uma escola e tanto. No dia seguinte acordei toda roxa, nunca tinha visto tantos hematomas em uma pessoa só. Mas valeu, só assim que agente aprende. A partir de então, passei a ter muito mais segurança e confiança em mim.


Ei 1984 - Largada em Parati 


Chegada do EI de 1984 em BH.

A largada do EI de 1985 foi em Mairiporã, São Paulo, às 6:00hs da manhã, novamente debaixo de muita chuva. Choveu, choveu e choveu... No segundo dia, saindo de São Lourenço, a manhã virou noite. Muita chuva, raios e trovoadas fizeram com que eu, minha parceira e mais umas quatro duplas nos abrigássemos dos raios que caiam a nossa volta em um buraco que havia no chão. Como depois de toda tempestade vem a bonança, chegamos a BH com um sol lindo...Este ano houve um recorde de participações femininas, cinco duplas (dez mulheres).


Chegada do EI de 1985 em BH - Eu e minha parceira Déborah

Em 1986 foi o Enduro perfeito. Sem chuva, sem frio, médias adequadas (ou será que eu é que já conseguia andar nas médias?). Apenas uma dupla de mulheres, eu e minha parceira.


Consertando as motos no neutralizado.


Chegada do Ei de 1986 em BH. Eu e Regina Petribu

Em 1987 fui surpreendida quando o Euclydes, já meu marido, me fez o convite para fazer dupla com ele na categoria graduados (equivalente a Sênior de hoje). Só eu sei o quanto foi duro acompanhá-lo. Eu andava como uma flâmula agarrada ao guidon. Saindo de uma trilha, já perto de Moeda, no último dia, descobri que havia perdido a planilha há algum tempo (na época, as páginas da planilha eram de papel e presas a uma prancheta). A velocidade era tanta que não dava mesmo para ver o que estava escrito, quanto mais para arrancar as páginas... Voltando à trilha, o Euclydes me mandou ir andando, pois estávamos alguns segundos atrasados. A dupla atrás de nós havia acabado de nos ultrapassar. Ele ficou parado, trocando a página e zerando o odômetro e eu fui indo (sem planilha...), ultrapassando a tal dupla para entrar no tempo. Era uma estradinha, subindo, subindo... No topo,eu que vinha a uns duzentos por hora, me deparei com um mata burro longitudinal com vão central (MBLVC). Na verdade, nem vi... Só senti o tombo. Entrei de frente dentro do vão central e sai capotando. Quando parei estava toda enrolada na moto. Foram necessários os dois pilotos da tal dupla e mais o Euclydes para desembaraçar o conjunto. Por sorte, não tive nenhum machucado sério. No final cheguei a BH com as canelas da moto tortas, com o pneu quase raspando no cano. O importante foi que cheguei, e, desta vez, bem mais viva, eu era a única mulher de toda a prova.


Largada de 1987


Matéria do Estado de Minas em set 1987. 

Em 1988 desisti de correr com meninas. A partir de então, (1988, 1989, 1991 e 1992, e sempre como a única mulher de toda a prova), passei a fazer dupla com um grande amigo, Luiz Custódio. Em 1988 e 1989 fiz com uma Kawasaki KX 125, minha primeira moto importada, que por ser uma moto de Cross, foi adaptada para enduro.


Largada do EI de 1988 - Petropolis - RJ


Foto da revista Motoshow de setembro de 1988. Monica Cury e Luis Custódio - Pilotos Cariocas.


Chegada em BH - 1988


Matéria do Estado de Minas em set 1988.

Em 1989, congestionamento mortal na largada, em Lídice, RJ. Sem comentários...

Não participei em 1990, pois meu filho, Ian, acabara de nascer. Mas fiz apoio para o meu marido Euclydes. Em 91, já de KDX, eu e o Luiz Custódio ficamos em 17º lugar, a melhor colocação obtida naquela época por uma dupla carioca.


Largada do EI de 1991.

Em 1992, novamente a chuva alterou bastante o Enduro. No 2º dia ao sairmos do neutro em Lima Duarte, em direção à Ibitipoca, fomos surpreendidos quando a organização cancelou o restante do dia, pois uma barreira havia caído e não havia condições de passar. Andamos uns 60 km debaixo de chuva, no asfalto até a BR040, pois todos os carros de apoio já haviam partido para Barbacena. Lá eu consegui uma carona de caminhão onde já estavam 11 outras motos. Luiz Custódio e Euclydes não tiveram a mesma sorte e foram rodando pela BR040. A viagem na carroceria do caminhão foi sinistra. Minha moto, que era a última, quase caiu várias vezes.


1992 - 10.º Enduro da Independencia - Monica Cury e Adhemar Euclydes na largada no Barra Shopping - Rio de Janeiro - RJ.


1992 - Jornal O Globo agosto 92


10.º Enduro da Independencia. - Matéria com Monica Cury no Jornal O Globo - agosto 1992

A partir de 1993, com o fim das duplas para a minha categoria, passei a correr sozinha. Grande responsabilidade. Tive de aprender a me impor, pois estando sozinha, tem sempre algum esperto tentando passar por cima dos meus direitos. Entre tombos, discussões, quebras e outras dificuldades, consegui fazer muitos amigos. Única mulher novamente. Passei a ser patrocinada pela Du Loren.


1993 - 11º Enduro da Independencia - Monica Cury, Adhemar Euclydes, Luiz Custodio e equipe de apoio antes da largada no Rio de Janeiro - RJ


1993 - 11º Enduro da Independencia - Materia com Monica Cury no Jornal O Globo - set 1993.


1993 - Monica Cury - Materia da Revista Manchete - out 1993


1993 - 11º Enduro da Independencia - Materia com Monica Cury no Jornal O DIA - out 1993

Em 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998 os Independências foram ficando mais rápidos, técnicos e difíceis, inclusive acho que isto afastou mais as mulheres. O Independência passou a ter quatro dias e a competitividade entre os pilotos passou a ser bastante acirrada. Dificuldades vencidas, e experiências adquiridas!

Lembro que no de 1994, socorri um piloto NÚ, que estava passando mal, no fim do terceiro dia, perto de Ouro Preto. A cada novo ano muito mais segura, cada vez mais me distanciava do nervosismo que senti naquela 1ª largada em Parati, dez anos antes. Posso dizer, sem falsa modéstia, que sou a única mulher no Brasil que tem, em seu currículo, a participação em 24 edições do Enduro da Independência.


1994


1994


1995


1995 - Largada no Barra Shopping - Com meu filho Ian. 


1995


Jornal O Globo - 7 de setembro de 1995 - 


Largada em Niteroí - 1996


1998

Durante anos vivi a expectativa da criação de uma categoria feminina, que finalmente veio em 2008. Ainda fui por mais quase uma década, única mulher nas provas. Em 1999, com o advento da categoria over 40, eu já com 36 anos (é, os anos se passaram...), fui autorizada pelo TCMG a me inscrever nesta categoria.


Largada - 1999

Em 2000, novamente na over 40, a prova foi excelente, bem rápida e técnica. Sai atrasada do neutralizado de Carvalhos (no segundo dia), por causa do congestionamento no posto de gasolina. O Euclydes estava um número atrás de mim. Após Bom Jardim de Minas, consegui entrar no tempo e, toda feliz, cheguei ao lado dele para avisá-lo que ali já estava. Foi quando embaraçamos os guidons a uns 80 kms por hora, fomos os dois para o chão. Nada aconteceu a ele, em contra partida, eu fiquei com o joelho e tornozelo virados para fora debaixo da moto. Completei o enduro e só eu sei as dores que senti. Só no Rio, três dias após o acidente, soube que tinha rompido os ligamentos do tornozelo e prejudicado ainda mais o meu já estragado joelho (coisas dos enduros da vida). O resultado foram algumas semanas de imobilização.


Largada em Itaguai - 2000

Em 2001, já com a minha inscrição feita, soube que estava grávida. Fiquei fora, assim como em 90, mas vivi nos quatro anos em que não corri, uma outra mas não menos importante realidade do enduro: o apoio. Dessa vez levei meu filho (na época com 11 anos, para me ajudar no apoio).


Largada 2001 em Parati.

Em 2002, nasceu minha filha, Rebecca. Inscrevi-me, mas como tive um parto mais difícil e, por estar amamentando, não fui liberada pelo médico para andar de moto. Acabei indo de apoio com o Ian e com a Rebecca a tira colo.

Em 2003, já estava novamente na ativa, mas ainda estava amamentado. Como não queria deixar de participar da prova e nem encerar a amamentação, decidi que a Rebecca iria para o enduro com a minha irmã e cunhado, assim eu poderia amamentá-la pela manhã, quando terminasse a prova e a noite. Desta vez a operação foi mais complexa, na verdade, foi uma loucura total, eu chegava da prova imunda e minha filha dizia: "Mamãe quero mama". Eu amamentava minha filha, cuidava das coisas dela, cuidada das coisas do meu filho mais velho (que estava fazendo nosso apoio em outro carro com um amigo), cuidava do nosso equipamento (meu e do meu marido) para o dia seguinte. Desfazia mala, fazia mala, enfim ia dormir tarde e tinha que acordar mais cedo que todos, pois tinha que amamentar a Rebecca e entregá-la para minha irmã e depois partir para mais um dia de prova. Na noite que pernoitamos em Tiradentes, minha filha não queira dormir de jeito nenhum, acabou dormindo lá para as 3:00hs da manhã, quando o despertador tocou às 4:30h, eu quis chorar. No meio de tudo isso, ainda cuidei das hospedagens e alimentação de duzentas e oitenta pessoas (entre pilotos e apoios). Foram cinco cidades e dezessete hotéis para comandar. Completei a prova, amamentei minha filha, dei conta de todos os hotéis e não tive nenhuma reclamação.
A "TURMA DA MONICA", que contou com a presença de: Mônica, marido, filhos, irmã, cunhado, sobrinha, apoio e mais duzentos e oitenta clientes, voltaram para suas casas satisfeitos.

Em 2004, eu estava lá novamente, não posso dizer que foi uma das melhores edições, mas cheguei e ainda fui homenageada pelo TCMG, afinal dezenove Independências nas costas, não é para qualquer um.


Em 2005, novamente estive presente e mais uma vez como a única mulher a competir.

Em 2006, estava lá pela vigésima-segunda vez e optei por correr na categoria Over 50 com a autorização do TCMG... também já estava quase lá.


Em 2007, na comemoração do Jubileu de Prata, novamente na Over 50.

 

Nervosismo nas provas

O nervosismo de 1983 já não existe mais. Por ser realmente uma veterana, eu hoje em dia já penso diferente. Sempre estive ali para me divertir e aproveitar, pois sei que a minha rotina vai continuar quando a prova acabar (ser mãe, esposa, trabalhar, cantar...), por isso vou sem stress. O que der para fazer eu faço, senão não der tudo bem. Depois de uns anos, já não arriscava mais o meu pescoço. Com o passar dos anos as responsabilidades aumentam e você chega à conclusão que o acelerador da moto não precisar ter um curso tão grande.

 

Categoria Feminina

Durante anos vivi a expectativa da criação de uma categoria feminina, que finalmente veio em 2008. Demorou, mas se por um lado é ruim pelo fato de que as mulheres que estão começando agora são todas muito novinhas (afinal tenho idade para ser mãe de todas elas), assim a competição fica desigual (senão fosse verdade não teríamos categoria máster e over 50), por outro lado foi a minha insistência e determinação que fez com que outras mulheres começassem a fazer trilha. Querendo ou não, eu fui à pioneira e o grande exemplo que mulher pode sim entrar para esse esporte, mesmo casando, tento filhos, estudando, trabalhando... Eu fiz isso durante quase trinta anos, e quando comecei a correr tinha apenas dezenove anos. Participei de provas em Campeonato de Enduro de Regularidade, Enduro de Velocidade e Enduro Fim. Fiz faculdade, casei, tive dois filhos, trabalho e aos 44 anos tornei-me cantora. Claro que em uma determinada época não dava mais para fazer trilha todo fim de semana, fazer todas as outras provas, mas sempre deu para conciliar sem deixar nada de lado. É tudo questão de força de vontade. Quando se quer, se chega lá. Eu sou muito pé no chão, não vivo de sonhos. Durante muitos anos, vi muitas meninas começarem entusiasmadíssimas, mas nenhuma ficou mais de 2 anos.

De 2006 para cá e que realmente apareceram mulheres que abraçaram o esporte. Sabrina Katana, Michelle Furmam, Bárbara Neves... O esporte é difícil sim: o aprendizado; tem os tombos; os machucados; as motos são altas e pesadas; a força física da mulher é diferente do homem; é complicado, principalmente em uma cidade como a minha, onde você se precisava andar de carro pelo menos uns 50 km para chegar em algum lugar seguro que se posso fazer trilha (hoje anda-se o dobro disso e ainda é perigoso). Tem que ter carro com carreta ou pick-up e ainda tem o problema delas arrumarem um namorado que não tem nada a ver com esporte (entra o conflito namoro x moto). Portanto senão tiver determinação, força de vontade e um pouco de sorte (para arrumar um namorado treieiro), ou ter um pai treieiro, ninguém continua. Sinceramente eu espero que a nova turma de mulheres, consiga como eu, permanecer e estar no esporte daqui há vinte anos, pois ai sim terá valido a pena investir na categoria feminina.


2007


2008


2008


2008


2008


2008


2008


2008


2009 - 27º Enduro da Independencia - Chegada em Mogi das Curzes - SP
Este ano, como tinha tido um mes antes H1N1, não pude competir, então eu e a a Rebecca fizemos apoio para a dupla Pai e Filho.
Adhemar Euclydes e Ian Cury, meu marido e nosso filho.


Alguns trofeus e medalhas das competicções de Monica e Euclydes.

 

Lições do Enduro

Acho que a maior lição das trilhas e que deve ser levada para a nossa a vida pessoal, é a maneira como você encara um obstáculo que lhe parece intransponível. Toda vez que me deparo com obstáculo terrível, paro, penso e respiro. Vale mais a pena você perder um pouquinho de tempo e avaliar a situação, do que tentar passar de qualquer jeito. A chance de você fazer a coisa errada é muito grande e as conseqüências serão trágicas. Por outro lado, desistir nunca. Uso isso o tempo todo na minha vida pessoal e profissional.

 

Mamãe Mônica

Sempre conciliei minha vida de mãe com a de piloto. Um pouco para eles um pouco para mim. É claro que nem sempre é possível uma divisão igual, mas vamos levando... Penso que todos nós (eu, Euclydes, Ian e Rebecca) temos direitos e deveres. Ninguém é mais importante que ninguém, então temos que dividir nosso tempo. Até o Ian nascer, fazíamos trilhas e enduros todos os fins de semana. Quatro meses após o nascimento dele, voltei a andar de moto e combinamos que eu iria andar de quinze em quinze dias. Assim, um fim de semana era do Ian conosco, o outro era só nosso com as trilhas. Durante muitos anos fizemos dessa maneira. Rebecca nasceu em fevereiro de 2002 e por eu ter optado pela amamentação exclusiva no peito até o sétimo mês, só voltei a andar quando ela já tinha oito meses. A partir daí, a Rebecca entrou na rotina de nossas vidas, e passamos a dividir com ela também o nosso tempo.

 

Outros Esportes

Pratico também esqui de neve, esqui aquático, mergulho e jet-ski. Na verdade eu sempre fui considerada a maluquinha na minha casa. Eu comecei a namorar meu marido em 1978 (eu tinha quinze anos) e ele sempre gostou muito de esportes radicais, assim acabei aderindo.

Quando resolvi radicalizar um pouco mais e me tornar cantora, em 2007, meu pai me disse: "Dentro de tudo que você faz, cantar é o mais próximo da normalidade."

   

Hoje tenho 59 anos, além de piloto, sou cantora, casada há 37 anos com o Euclydes, e mãe do Ian (32 anos) e da Rebecca (20 anos). Rebecca é apaixonada por motos e quer muito ser piloto.

Minha CRF230 está na garagem e ainda não estou aposentada. O microfone continua firme e forte, não só no canto, mas com o passar dos anos, abracei um novo desafio e assim me tornei tambem ativista política.

Afinal... as duas Face de Eva:


A bela...


E a fera.

Matéria por: Mônica Cury

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Publicado por
Revista DigitAL Destaque
em 10/08/2022 às 15:53

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