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A palavra Enduro vem da palavra ENDURANCE, que significa resist\u00eancia. Por isso esse enduro \u00e9 realizado em v\u00e1rios dias. Come\u00e7ou com 3 dias, passou para 4 dias e este ano ser\u00e3o 5 dias de competi\u00e7\u00e3o. A edi\u00e7ao de 1990, foram 6 dias (sendo 5 dias de prova), pois teve um dia de intervalo entre o segundo e o terceiro dia de competi\u00e7\u00e3o. Ficou puxado demais e no ano seguinte (1991), reduziram novamente para 3 dias de competi\u00e7\u00e3o. A partir de 1994, a prova passou a ter 4 dias.\u00a0O Enduro da Independencia sai sempre de uma cidade de um estado e chega em outra de outro estado. O primeiro saiu do Rio de Janeiro e chegou em Belo Horizonte.\u00a0A cada ano h\u00e1 um roteiro novo, mas por muitas vezes, saimos do Rio para chegarmos em Minas Gerais.<\/p>
Eu participei de 30 edi\u00e7\u00f5es do Ei (como ficou conhecido o Enduro da Independ\u00eancia), sendo vinte e quatro como piloto e seis como apoio do marido Euclydes, que \u00e9 o \u00fanico piloto do Brasil, que participou de todas as edi\u00e7\u00f5es do Ei. Esse ano ser\u00e1 realizada a quadrag\u00e9ssima edi\u00e7\u00e3o e ele estar\u00e1 l\u00e1 mais uma vez. E assim por todas essas participa\u00e7\u00f5es rendeu a ele, ter o seu nome como o nome do mascote do Ei. Euclydes que al\u00e9m de ter sido o respons\u00e1vel por eu ter me tornado piloto, sempre foi um grande incentivador.<\/p>
Al\u00e9m de ser piloto, durante 10 anos (entre 1999 a 2009), tamb\u00e9m fui respons\u00e1vel pela hospedagem de centenas de pilotos e apoios no Enduro da Independ\u00eancia, que ficou conhecida como a TURMA DA MONICA.<\/p>
Tenho muitas hist\u00f3rias para contar sobre o que vi e vivi nos mundo off road e em especial do maior enduro de regularidade do pa\u00eds, EI.<\/p>
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Mas tudo tem um come\u00e7o...<\/strong><\/p> Em 1981 a DT 180 chega \u00e0s lojas e eu, escondida de meus pais, comprei um cons\u00f3rcio de cinq\u00fcenta meses. Tinha certeza de que at\u00e9 ser sorteada saberia como conduzir o assunto em casa. Quinze dias depois, recebi um telegrama que me informava ter sido sorteada na 1\u00aa assembl\u00e9ia. A partir daquele momento, a moto entrou definitivamente na minha vida. A Dtzinha ficava guardada na casa do Euclydes (na \u00e9poca meu namorado).<\/p> Foi nesse momento que abandonei as passarelas. Eu era modelo, j\u00e1 n\u00e3o estava gostando daquele mundo, e o off-road me encantou de uma maneira, que n\u00e3o pensei duas vezes em abandonar as passarelas e entrar de cabe\u00e7a em um outro mundo. Vale ressaltar que esse outro mundo era totalmente masculino, mas de alguma forma eu tinha certeza de que conseguiria ter um lugar l\u00e1 dentro. Eu estava certa!<\/p> \u00a0 \u00a0<\/p> Conservat\u00f3ria \u2013 O ber\u00e7o do Trail no Rio de Janeiro.<\/strong><\/p> Era para l\u00e1 que \u00edamos, quase todo final de semana, para andar de moto. Foi l\u00e1 que aprendi a amar a liberdade e o prazer que o trail nos proporciona. Foi l\u00e1 que aprendi a import\u00e2ncia do respeito, que tive minhas primeiras dificuldades...<\/p> A galera com quem eu andava, na \u00e9poca, era a nata do esporte no Rio. Euclydes, Marcelo Gomes, Caio Pac\u00edfico, Cl\u00e1udio Figueiredo, M\u00e1rcio Matz e alguns outros.<\/p> Sou a treieira pioneira no Rio de Janeiro. Em BH e em SP tinha umas meninas que andavam, mas nenhuma delas continuar no esporte... O curso foi extenuante, intensivo... Era na base do vai ou racha. Caiu? Machucou? Ent\u00e3o vam'bora... Foi em 1982, em Conservat\u00f3ria que aconteceu a primeira prova de trail do Rio de Janeiro, e que participei de conversas sobre a remota possibilidade de se organizar, fundar um clube, que viria a ser o primeiro moto clube carioca exclusivamente voltado para o trail. Assim nasceu o Rio Trail Clube, o RTC. Clube que anos mais tarde me tornei Presidente. Com certeza sou a \u00fanica mulher piloto, que foi presidente de um motoclube que organizou competi\u00e7oes de off-road.<\/p> Foi, tamb\u00e9m, em Conservat\u00f3ria, j\u00e1 em 1983, que soubemos de um tal \"enduro de tr\u00eas dias\", ligando o Rio a Belo Horizonte, que viria a ser o 1\u00ba Enduro da Independ\u00eancia, iria acontecer... Em Conservat\u00f3ria, tamb\u00e9m participei pela 1\u00aa vez de um Enduro. Detalhe, no inicio de 1983, sofri um grave acidente de moto na rua, que me deixou bem machucada, quebrada e tres meses de muleta sem poder por o p\u00e9 no ch\u00e3o. Quase desisti, mas fiquei boa e a vontade de pilotar falou mais forte.<\/p> Na largada do 1\u00aa Independ\u00eancia (set 1983) fiquei babando, mas sabia que ainda n\u00e3o tinha a experi\u00eancia necess\u00e1ria.<\/p> Em 1984 tive de comunicar em casa que faria o Independ\u00eancia. Minha primeira grande prova! Eu j\u00e1 estava competindo no Campeonato de Enduro de Velocidade do Estafo do RJ, mas eles n\u00e3o sabiam. Ent\u00e3o meus pais perguntaram se eu iria fazer o apoio para o Euclydes, como no ano anterior. Ficaram bastante surpresos quando respondi: N\u00e3o!!! Eu vou correr!!!<\/p> Aquele Independ\u00eancia largou em Parati. Eu, que esperava ter a companhia da minha dupla durante todo o percurso, me vi sozinha, pois a organiza\u00e7\u00e3o inovou e minha dupla largava de Taubat\u00e9 no mesmo momento em que eu largava de Parati, s\u00f3 vindo a nos encontrar em Guaratinguet\u00e1 (neutro principal). S\u00f3 quatro mulheres participaram desta edi\u00e7\u00e3o, eu, minha parceira e uma dupla de mineiras.<\/p> Al\u00e9m de todas as dificuldades de uma grande e primeira prova, para completar, no terceiro e \u00faltimo dia que largava de S\u00e3o Jo\u00e3o Del Rei, o mundo caiu. Choveu durante toda \u00e0 noite, na largada e durante todo o dia. Foi a\u00ed ent\u00e3o, que percebi de que nunca havia feito trail na chuva, portanto eu n\u00e3o sabia andar na lama. Foi um desastre. A lama era tanta que quando eu conseguia andar 2 metros para frente, andava 1 metro para tr\u00e1s. Levei uns quinhentos tombos. Aquele dia parecia n\u00e3o ter fim, uma verdadeira eternidade. Fui superando, com bastante dificuldade, as adversidades do roteiro e consegui chegar, mais morta do que viva em BH. Foi uma escola e tanto. No dia seguinte acordei toda roxa, nunca tinha visto tantos hematomas em uma pessoa s\u00f3. Mas valeu, s\u00f3 assim que agente aprende. A partir de ent\u00e3o, passei a ter muito mais seguran\u00e7a e confian\u00e7a em mim.<\/p> A largada do EI de 1985 foi em Mairipor\u00e3, S\u00e3o Paulo, \u00e0s 6:00hs da manh\u00e3, novamente debaixo de muita chuva. Choveu, choveu e choveu... No segundo dia, saindo de S\u00e3o Louren\u00e7o, a manh\u00e3 virou noite. Muita chuva, raios e trovoadas fizeram com que eu, minha parceira e mais umas quatro duplas nos abrig\u00e1ssemos dos raios que caiam a nossa volta em um buraco que havia no ch\u00e3o. Como depois de toda tempestade vem a bonan\u00e7a, chegamos a BH com um sol lindo...Este ano houve um recorde de participa\u00e7\u00f5es femininas, cinco duplas (dez mulheres).<\/p> Em 1986 foi o Enduro perfeito. Sem chuva, sem frio, m\u00e9dias adequadas (ou ser\u00e1 que eu \u00e9 que j\u00e1 conseguia andar nas m\u00e9dias?). Apenas uma dupla de mulheres, eu e minha parceira.<\/p> Em 1987 fui surpreendida quando o Euclydes, j\u00e1 meu marido, me fez o convite para fazer dupla com ele na categoria graduados (equivalente a S\u00eanior de hoje). S\u00f3 eu sei o quanto foi duro acompanh\u00e1-lo. Eu andava como uma fl\u00e2mula agarrada ao guidon. Saindo de uma trilha, j\u00e1 perto de Moeda, no \u00faltimo dia, descobri que havia perdido a planilha h\u00e1 algum tempo (na \u00e9poca, as p\u00e1ginas da planilha eram de papel e presas a uma prancheta). A velocidade era tanta que n\u00e3o dava mesmo para ver o que estava escrito, quanto mais para arrancar as p\u00e1ginas... Voltando \u00e0 trilha, o Euclydes me mandou ir andando, pois est\u00e1vamos alguns segundos atrasados. A dupla atr\u00e1s de n\u00f3s havia acabado de nos ultrapassar. Ele ficou parado, trocando a p\u00e1gina e zerando o od\u00f4metro e eu fui indo (sem planilha...), ultrapassando a tal dupla para entrar no tempo. Era uma estradinha, subindo, subindo... No topo,eu que vinha a uns duzentos por hora, me deparei com um mata burro longitudinal com v\u00e3o central (MBLVC). Na verdade, nem vi... S\u00f3 senti o tombo. Entrei de frente dentro do v\u00e3o central e sai capotando. Quando parei estava toda enrolada na moto. Foram necess\u00e1rios os dois pilotos da tal dupla e mais o Euclydes para desembara\u00e7ar o conjunto. Por sorte, n\u00e3o tive nenhum machucado s\u00e9rio. No final cheguei a BH com as canelas da moto tortas, com o pneu quase raspando no cano. O importante foi que cheguei, e, desta vez, bem mais viva, eu era a \u00fanica mulher de toda a prova.<\/p> Em 1988 desisti de correr com meninas. A partir de ent\u00e3o, (1988, 1989, 1991 e 1992, e sempre como a \u00fanica mulher de toda a prova), passei a fazer dupla com um grande amigo, Luiz Cust\u00f3dio. Em 1988 e 1989 fiz com uma Kawasaki KX 125, minha primeira moto importada, que por ser uma moto de Cross, foi adaptada para enduro.<\/p> <\/p> Em 1989, congestionamento mortal na largada, em L\u00eddice, RJ. Sem coment\u00e1rios...<\/p> <\/p> N\u00e3o participei em 1990, pois meu filho, Ian, acabara de nascer. Mas fiz apoio para o meu marido Euclydes. Em 91, j\u00e1 de KDX, eu e o Luiz Cust\u00f3dio ficamos em 17\u00ba lugar, a melhor coloca\u00e7\u00e3o obtida naquela \u00e9poca por uma dupla carioca.<\/p> Em 1992, novamente a chuva alterou bastante o Enduro. No 2\u00ba dia ao sairmos do neutro em Lima Duarte, em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 Ibitipoca, fomos surpreendidos quando a organiza\u00e7\u00e3o cancelou o restante do dia, pois uma barreira havia ca\u00eddo e n\u00e3o havia condi\u00e7\u00f5es de passar. Andamos uns 60 km debaixo de chuva, no asfalto at\u00e9 a BR040, pois todos os carros de apoio j\u00e1 haviam partido para Barbacena. L\u00e1 eu consegui uma carona de caminh\u00e3o onde j\u00e1 estavam 11 outras motos. Luiz Cust\u00f3dio e Euclydes n\u00e3o tiveram a mesma sorte e foram rodando pela BR040. A viagem na carroceria do caminh\u00e3o foi sinistra. Minha moto, que era a \u00faltima, quase caiu v\u00e1rias vezes.<\/p> A partir de 1993, com o fim das duplas para a minha categoria, passei a correr sozinha.\u00a0Grande responsabilidade. Tive de aprender a me impor, pois estando sozinha, tem sempre algum esperto tentando passar por cima dos meus direitos. Entre tombos, discuss\u00f5es, quebras e outras dificuldades, consegui fazer muitos amigos. \u00danica mulher novamente. Passei a ser patrocinada pela Du Loren.<\/p> Em 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998 os Independ\u00eancias foram ficando mais r\u00e1pidos, t\u00e9cnicos e dif\u00edceis, inclusive acho que isto afastou mais as mulheres. O Independ\u00eancia passou a ter quatro dias e a competitividade entre os pilotos passou a ser bastante acirrada. Dificuldades vencidas, e experi\u00eancias adquiridas!<\/p> Lembro que no de 1994, socorri um piloto N\u00da, que estava passando mal, no fim do terceiro dia, perto de Ouro Preto. A cada novo ano muito mais segura, cada vez mais me distanciava do nervosismo que senti naquela 1\u00aa largada em Parati, dez anos antes. Posso dizer, sem falsa mod\u00e9stia, que sou a \u00fanica mulher no Brasil que tem, em seu curr\u00edculo, a participa\u00e7\u00e3o em 24 edi\u00e7\u00f5es do Enduro da Independ\u00eancia.<\/p> Durante anos vivi a expectativa da cria\u00e7\u00e3o de uma categoria feminina, que finalmente veio em 2008. Ainda fui por mais quase uma d\u00e9cada, \u00fanica mulher nas provas. Em 1999, com o advento da categoria over 40, eu j\u00e1 com 36 anos (\u00e9, os anos se passaram...), fui autorizada pelo TCMG a me inscrever nesta categoria.<\/p> Em 2000, novamente na over 40, a prova foi excelente, bem r\u00e1pida e t\u00e9cnica. Sai atrasada do neutralizado de Carvalhos (no segundo dia), por causa do congestionamento no posto de gasolina. O Euclydes estava um n\u00famero atr\u00e1s de mim. Ap\u00f3s Bom Jardim de Minas, consegui entrar no tempo e, toda feliz, cheguei ao lado dele para avis\u00e1-lo que ali j\u00e1 estava. Foi quando embara\u00e7amos os guidons a uns 80 kms por hora, fomos os dois para o ch\u00e3o. Nada aconteceu a ele, em contra partida, eu fiquei com o joelho e tornozelo virados para fora debaixo da moto. Completei o enduro e s\u00f3 eu sei as dores que senti. S\u00f3 no Rio, tr\u00eas dias ap\u00f3s o acidente, soube que tinha rompido os ligamentos do tornozelo e prejudicado ainda mais o meu j\u00e1 estragado joelho (coisas dos enduros da vida). O resultado foram algumas semanas de imobiliza\u00e7\u00e3o.<\/p> Em 2001, j\u00e1 com a minha inscri\u00e7\u00e3o feita, soube que estava gr\u00e1vida. Fiquei fora, assim como em 90, mas vivi nos quatro anos em que n\u00e3o corri, uma outra mas n\u00e3o menos importante realidade do enduro: o apoio. Dessa vez levei meu filho (na \u00e9poca com 11 anos, para me ajudar no apoio).<\/p> Em 2002, nasceu minha filha, Rebecca. Inscrevi-me, mas como tive um parto mais dif\u00edcil e, por estar amamentando, n\u00e3o fui liberada pelo m\u00e9dico para andar de moto. Acabei indo de apoio com o Ian e com a Rebecca a tira colo.<\/p> <\/p> <\/p> Em 2003, j\u00e1 estava novamente na ativa, mas ainda estava amamentado. Como n\u00e3o queria deixar de participar da prova e nem encerar a amamenta\u00e7\u00e3o, decidi que a Rebecca iria para o enduro com a minha irm\u00e3 e cunhado, assim eu poderia amament\u00e1-la pela manh\u00e3, quando terminasse a prova e a noite. Desta vez a opera\u00e7\u00e3o foi mais complexa, na verdade, foi uma loucura total, eu chegava da prova imunda e minha filha dizia: \"Mam\u00e3e quero mama\". Eu amamentava minha filha, cuidava das coisas dela, cuidada das coisas do meu filho mais velho (que estava fazendo nosso apoio em outro carro com um amigo), cuidava do nosso equipamento (meu e do meu marido) para o dia seguinte. Desfazia mala, fazia mala, enfim ia dormir tarde e tinha que acordar mais cedo que todos, pois tinha que amamentar a Rebecca e entreg\u00e1-la para minha irm\u00e3 e depois partir para mais um dia de prova. Na noite que pernoitamos em Tiradentes, minha filha n\u00e3o queira dormir de jeito nenhum, acabou dormindo l\u00e1 para as 3:00hs da manh\u00e3, quando o despertador tocou \u00e0s 4:30h, eu quis chorar. No meio de tudo isso, ainda cuidei das hospedagens e alimenta\u00e7\u00e3o de duzentas e oitenta pessoas (entre pilotos e apoios). Foram cinco cidades e dezessete hot\u00e9is para comandar. Completei a prova, amamentei minha filha, dei conta de todos os hot\u00e9is e n\u00e3o tive nenhuma reclama\u00e7\u00e3o.\u2028A \"TURMA DA MONICA\", que contou com a presen\u00e7a de: M\u00f4nica, marido, filhos, irm\u00e3, cunhado, sobrinha, apoio e mais duzentos e oitenta clientes, voltaram para suas casas satisfeitos.<\/p> <\/p> <\/p> Em 2004, eu estava l\u00e1 novamente, n\u00e3o posso dizer que foi uma das melhores edi\u00e7\u00f5es, mas cheguei e ainda fui homenageada pelo TCMG, afinal dezenove Independ\u00eancias nas costas, n\u00e3o \u00e9 para qualquer um.<\/p> Em 2006, estava l\u00e1 pela vig\u00e9sima-segunda vez e optei por correr na categoria Over 50 com a autoriza\u00e7\u00e3o do TCMG... tamb\u00e9m j\u00e1 estava quase l\u00e1.<\/p> <\/p> <\/p> <\/p> <\/p> \u00a0<\/p> Nervosismo nas provas<\/strong><\/p> O nervosismo de 1983 j\u00e1 n\u00e3o existe mais. Por ser realmente uma veterana, eu hoje em dia j\u00e1 penso diferente. Sempre estive ali para me divertir e aproveitar, pois sei que a minha rotina vai continuar quando a prova acabar (ser m\u00e3e, esposa, trabalhar, cantar...), por isso vou sem stress. O que der para fazer eu fa\u00e7o, sen\u00e3o n\u00e3o der tudo bem. Depois de uns anos, j\u00e1 n\u00e3o arriscava mais o meu pesco\u00e7o. Com o passar dos anos as responsabilidades aumentam e voc\u00ea chega \u00e0 conclus\u00e3o que o acelerador da moto n\u00e3o precisar ter um curso t\u00e3o grande.<\/p> \u00a0<\/p> Categoria Feminina<\/strong><\/p> Durante anos vivi a expectativa da cria\u00e7\u00e3o de uma categoria feminina, que finalmente veio em 2008. Demorou, mas se por um lado \u00e9 ruim pelo fato de que as mulheres que est\u00e3o come\u00e7ando agora s\u00e3o todas muito novinhas (afinal tenho idade para ser m\u00e3e de todas elas), assim a competi\u00e7\u00e3o fica desigual (sen\u00e3o fosse verdade n\u00e3o ter\u00edamos categoria m\u00e1ster e over 50), por outro lado foi a minha insist\u00eancia e determina\u00e7\u00e3o que fez com que outras mulheres come\u00e7assem a fazer trilha. Querendo ou n\u00e3o, eu fui \u00e0 pioneira e o grande exemplo que mulher pode sim entrar para esse esporte, mesmo casando, tento filhos, estudando, trabalhando... Eu fiz isso durante quase trinta anos, e quando comecei a correr tinha apenas dezenove anos. Participei de provas em Campeonato de Enduro de Regularidade, Enduro de Velocidade e Enduro Fim. Fiz faculdade, casei, tive dois filhos, trabalho e aos 44 anos tornei-me cantora. Claro que em uma determinada \u00e9poca n\u00e3o dava mais para fazer trilha todo fim de semana, fazer todas as outras provas, mas sempre deu para conciliar sem deixar nada de lado. \u00c9 tudo quest\u00e3o de for\u00e7a de vontade. Quando se quer, se chega l\u00e1. Eu sou muito p\u00e9 no ch\u00e3o, n\u00e3o vivo de sonhos. Durante muitos anos, vi muitas meninas come\u00e7arem entusiasmad\u00edssimas, mas nenhuma ficou mais de 2 anos.<\/p> De 2006 para c\u00e1 e que realmente apareceram mulheres que abra\u00e7aram o esporte. Sabrina Katana, Michelle Furmam, B\u00e1rbara Neves... O esporte \u00e9 dif\u00edcil sim: o aprendizado; tem os tombos; os machucados; as motos s\u00e3o altas e pesadas; a for\u00e7a f\u00edsica da mulher \u00e9 diferente do homem; \u00e9 complicado, principalmente em uma cidade como a minha, onde voc\u00ea se precisava andar de carro pelo menos uns 50 km para chegar em algum lugar seguro que se posso fazer trilha (hoje anda-se o dobro disso e ainda \u00e9 perigoso). Tem que ter carro com carreta ou pick-up e ainda tem o problema delas arrumarem um namorado que n\u00e3o tem nada a ver com esporte (entra o conflito namoro x moto). Portanto sen\u00e3o tiver determina\u00e7\u00e3o, for\u00e7a de vontade e um pouco de sorte (para arrumar um namorado treieiro), ou ter um pai treieiro, ningu\u00e9m continua. Sinceramente eu espero que a nova turma de mulheres, consiga como eu, permanecer e estar no esporte daqui h\u00e1 vinte anos, pois ai sim ter\u00e1 valido a pena investir na categoria feminina.<\/p> \u00a0<\/p> Li\u00e7\u00f5es do Enduro<\/strong><\/p> Acho que a maior li\u00e7\u00e3o das trilhas e que deve ser levada para a nossa a vida pessoal, \u00e9 a maneira como voc\u00ea encara um obst\u00e1culo que lhe parece intranspon\u00edvel. Toda vez que me deparo com obst\u00e1culo terr\u00edvel, paro, penso e respiro. Vale mais a pena voc\u00ea perder um pouquinho de tempo e avaliar a situa\u00e7\u00e3o, do que tentar passar de qualquer jeito. A chance de voc\u00ea fazer a coisa errada \u00e9 muito grande e as conseq\u00fc\u00eancias ser\u00e3o tr\u00e1gicas. Por outro lado, desistir nunca. Uso isso o tempo todo na minha vida pessoal e profissional.<\/p> \u00a0<\/p> Mam\u00e3e M\u00f4nica<\/strong><\/p> Sempre conciliei minha vida de m\u00e3e com a de piloto. Um pouco para eles um pouco para mim. \u00c9 claro que nem sempre \u00e9 poss\u00edvel uma divis\u00e3o igual, mas vamos levando... Penso que todos n\u00f3s (eu, Euclydes, Ian e Rebecca) temos direitos e deveres. Ningu\u00e9m \u00e9 mais importante que ningu\u00e9m, ent\u00e3o temos que dividir nosso tempo. At\u00e9 o Ian nascer, faz\u00edamos trilhas e enduros todos os fins de semana. Quatro meses ap\u00f3s o nascimento dele, voltei a andar de moto e combinamos que eu iria andar de quinze em quinze dias. Assim, um fim de semana era do Ian conosco, o outro era s\u00f3 nosso com as trilhas. Durante muitos anos fizemos dessa maneira. Rebecca nasceu em fevereiro de 2002 e por eu ter optado pela amamenta\u00e7\u00e3o exclusiva no peito at\u00e9 o s\u00e9timo m\u00eas, s\u00f3 voltei a andar quando ela j\u00e1 tinha oito meses. A partir da\u00ed, a Rebecca entrou na rotina de nossas vidas, e passamos a dividir com ela tamb\u00e9m o nosso tempo.<\/p> \u00a0<\/p> Outros Esportes<\/strong><\/p> Pratico tamb\u00e9m esqui de neve, esqui aqu\u00e1tico, mergulho e jet-ski. Na verdade eu sempre fui considerada a maluquinha na minha casa. Eu comecei a namorar meu marido em 1978 (eu tinha quinze anos) e ele sempre gostou muito de esportes radicais, assim acabei aderindo.<\/p> <\/p> <\/p> <\/p> <\/p> Quando resolvi radicalizar um pouco mais e me tornar cantora, em 2007, meu pai me disse: \"Dentro de tudo que voc\u00ea faz, cantar \u00e9 o mais pr\u00f3ximo da normalidade.\"<\/p> \u00a0\u00a0\u00a0<\/p> Hoje tenho 59 anos, al\u00e9m de piloto, sou cantora, casada h\u00e1 37 anos com o Euclydes, e m\u00e3e do Ian (32 anos) e da Rebecca (20 anos). Rebecca \u00e9 apaixonada por motos e quer muito ser piloto.<\/p> Minha CRF230 est\u00e1 na garagem e ainda n\u00e3o estou aposentada. O microfone continua firme e forte, n\u00e3o s\u00f3 no canto, mas com o passar dos anos, abracei um novo desafio e assim me tornei tambem ativista pol\u00edtica.<\/p> <\/p> Afinal... as duas Face de Eva:<\/p> Mat\u00e9ria por:<\/strong> M\u00f4nica Cury<\/p>","indexed":"1","path":[1528,1913,2028],"photo-thumb":"files:\/\/img_1660161251_0.webp","sdescr":null,"tags":[],"extracats":[],"request":"public","redir":null,"type":"showroom"},w.pageload_additional=[],w.cg_webpartners_dl=!0,w.cg_holiday=0;})(window,top) Um pouquinho da minha história, que é recheada de desafios... Essa é a a história de quem não precisou tirar a roupa, não precisou pintar o corpo, não precisou usar de nenhum artifício vulgar para conquistar um lugar em um universo totalmente masculino. Deu um pouco de trabalho, foi um desafio e tanto, mas eu consegui! Foram quase 30 anos entre trilhas e mais de 200 competições de enduro de regularidade e de velocidade. Vou contar aqui como foi que eu entrei nesse universo e como foram as minhas participações nas edições do Enduro da Independência, que é o maior Enduro de Regularidade do Brasil. A palavra Enduro vem da palavra ENDURANCE, que significa resistência. Por isso esse enduro é realizado em vários dias. Começou com 3 dias, passou para 4 dias e este ano serão 5 dias de competição. A ediçao de 1990, foram 6 dias (sendo 5 dias de prova), pois teve um dia de intervalo entre o segundo e o terceiro dia de competição. Ficou puxado demais e no ano seguinte (1991), reduziram novamente para 3 dias de competição. A partir de 1994, a prova passou a ter 4 dias. O Enduro da Independencia sai sempre de uma cidade de um estado e chega em outra de outro estado. O primeiro saiu do Rio de Janeiro e chegou em Belo Horizonte. A cada ano há um roteiro novo, mas por muitas vezes, saimos do Rio para chegarmos em Minas Gerais. Eu participei de 30 edições do Ei (como ficou conhecido o Enduro da Independência), sendo vinte e quatro como piloto e seis como apoio do marido Euclydes, que é o único piloto do Brasil, que participou de todas as edições do Ei. Esse ano será realizada a quadragéssima edição e ele estará lá mais uma vez. E assim por todas essas participações rendeu a ele, ter o seu nome como o nome do mascote do Ei. Euclydes que além de ter sido o responsável por eu ter me tornado piloto, sempre foi um grande incentivador. Além de ser piloto, durante 10 anos (entre 1999 a 2009), também fui responsável pela hospedagem de centenas de pilotos e apoios no Enduro da Independência, que ficou conhecida como a TURMA DA MONICA. Tenho muitas histórias para contar sobre o que vi e vivi nos mundo off road e em especial do maior enduro de regularidade do país, EI. Mas tudo tem um começo... Em 1981 a DT 180 chega às lojas e eu, escondida de meus pais, comprei um consórcio de cinqüenta meses. Tinha certeza de que até ser sorteada saberia como conduzir o assunto em casa. Quinze dias depois, recebi um telegrama que me informava ter sido sorteada na 1ª assembléia. A partir daquele momento, a moto entrou definitivamente na minha vida. A Dtzinha ficava guardada na casa do Euclydes (na época meu namorado). Foi nesse momento que abandonei as passarelas. Eu era modelo, já não estava gostando daquele mundo, e o off-road me encantou de uma maneira, que não pensei duas vezes em abandonar as passarelas e entrar de cabeça em um outro mundo. Vale ressaltar que esse outro mundo era totalmente masculino, mas de alguma forma eu tinha certeza de que conseguiria ter um lugar lá dentro. Eu estava certa! Conservatória – O berço do Trail no Rio de Janeiro. Era para lá que íamos, quase todo final de semana, para andar de moto. Foi lá que aprendi a amar a liberdade e o prazer que o trail nos proporciona. Foi lá que aprendi a importância do respeito, que tive minhas primeiras dificuldades... A galera com quem eu andava, na época, era a nata do esporte no Rio. Euclydes, Marcelo Gomes, Caio Pacífico, Cláudio Figueiredo, Márcio Matz e alguns outros. Sou a treieira pioneira no Rio de Janeiro. Em BH e em SP tinha umas meninas que andavam, mas nenhuma delas continuar no esporte... O curso foi extenuante, intensivo... Era na base do vai ou racha. Caiu? Machucou? Então vam'bora... Foi em 1982, em Conservatória que aconteceu a primeira prova de trail do Rio de Janeiro, e que participei de conversas sobre a remota possibilidade de se organizar, fundar um clube, que viria a ser o primeiro moto clube carioca exclusivamente voltado para o trail. Assim nasceu o Rio Trail Clube, o RTC. Clube que anos mais tarde me tornei Presidente. Com certeza sou a única mulher piloto, que foi presidente de um motoclube que organizou competiçoes de off-road. Foi, também, em Conservatória, já em 1983, que soubemos de um tal "enduro de três dias", ligando o Rio a Belo Horizonte, que viria a ser o 1º Enduro da Independência, iria acontecer... Em Conservatória, também participei pela 1ª vez de um Enduro. Detalhe, no inicio de 1983, sofri um grave acidente de moto na rua, que me deixou bem machucada, quebrada e tres meses de muleta sem poder por o pé no chão. Quase desisti, mas fiquei boa e a vontade de pilotar falou mais forte. Na largada do 1ª Independência (set 1983) fiquei babando, mas sabia que ainda não tinha a experiência necessária. Em 1984 tive de comunicar em casa que faria o Independência. Minha primeira grande prova! Eu já estava competindo no Campeonato de Enduro de Velocidade do Estafo do RJ, mas eles não sabiam. Então meus pais perguntaram se eu iria fazer o apoio para o Euclydes, como no ano anterior. Ficaram bastante surpresos quando respondi: Não!!! Eu vou correr!!! Aquele Independência largou em Parati. Eu, que esperava ter a companhia da minha dupla durante todo o percurso, me vi sozinha, pois a organização inovou e minha dupla largava de Taubaté no mesmo momento em que eu largava de Parati, só vindo a nos encontrar em Guaratinguetá (neutro principal). Só quatro mulheres participaram desta edição, eu, minha parceira e uma dupla de mineiras. Além de todas as dificuldades de uma grande e primeira prova, para completar, no terceiro e último dia que largava de São João Del Rei, o mundo caiu. Choveu durante toda à noite, na largada e durante todo o dia. Foi aí então, que percebi de que nunca havia feito trail na chuva, portanto eu não sabia andar na lama. Foi um desastre. A lama era tanta que quando eu conseguia andar 2 metros para frente, andava 1 metro para trás. Levei uns quinhentos tombos. Aquele dia parecia não ter fim, uma verdadeira eternidade. Fui superando, com bastante dificuldade, as adversidades do roteiro e consegui chegar, mais morta do que viva em BH. Foi uma escola e tanto. No dia seguinte acordei toda roxa, nunca tinha visto tantos hematomas em uma pessoa só. Mas valeu, só assim que agente aprende. A partir de então, passei a ter muito mais segurança e confiança em mim. A largada do EI de 1985 foi em Mairiporã, São Paulo, às 6:00hs da manhã, novamente debaixo de muita chuva. Choveu, choveu e choveu... No segundo dia, saindo de São Lourenço, a manhã virou noite. Muita chuva, raios e trovoadas fizeram com que eu, minha parceira e mais umas quatro duplas nos abrigássemos dos raios que caiam a nossa volta em um buraco que havia no chão. Como depois de toda tempestade vem a bonança, chegamos a BH com um sol lindo...Este ano houve um recorde de participações femininas, cinco duplas (dez mulheres). Em 1986 foi o Enduro perfeito. Sem chuva, sem frio, médias adequadas (ou será que eu é que já conseguia andar nas médias?). Apenas uma dupla de mulheres, eu e minha parceira. Em 1987 fui surpreendida quando o Euclydes, já meu marido, me fez o convite para fazer dupla com ele na categoria graduados (equivalente a Sênior de hoje). Só eu sei o quanto foi duro acompanhá-lo. Eu andava como uma flâmula agarrada ao guidon. Saindo de uma trilha, já perto de Moeda, no último dia, descobri que havia perdido a planilha há algum tempo (na época, as páginas da planilha eram de papel e presas a uma prancheta). A velocidade era tanta que não dava mesmo para ver o que estava escrito, quanto mais para arrancar as páginas... Voltando à trilha, o Euclydes me mandou ir andando, pois estávamos alguns segundos atrasados. A dupla atrás de nós havia acabado de nos ultrapassar. Ele ficou parado, trocando a página e zerando o odômetro e eu fui indo (sem planilha...), ultrapassando a tal dupla para entrar no tempo. Era uma estradinha, subindo, subindo... No topo,eu que vinha a uns duzentos por hora, me deparei com um mata burro longitudinal com vão central (MBLVC). Na verdade, nem vi... Só senti o tombo. Entrei de frente dentro do vão central e sai capotando. Quando parei estava toda enrolada na moto. Foram necessários os dois pilotos da tal dupla e mais o Euclydes para desembaraçar o conjunto. Por sorte, não tive nenhum machucado sério. No final cheguei a BH com as canelas da moto tortas, com o pneu quase raspando no cano. O importante foi que cheguei, e, desta vez, bem mais viva, eu era a única mulher de toda a prova. Em 1988 desisti de correr com meninas. A partir de então, (1988, 1989, 1991 e 1992, e sempre como a única mulher de toda a prova), passei a fazer dupla com um grande amigo, Luiz Custódio. Em 1988 e 1989 fiz com uma Kawasaki KX 125, minha primeira moto importada, que por ser uma moto de Cross, foi adaptada para enduro. Em 1989, congestionamento mortal na largada, em Lídice, RJ. Sem comentários... Não participei em 1990, pois meu filho, Ian, acabara de nascer. Mas fiz apoio para o meu marido Euclydes. Em 91, já de KDX, eu e o Luiz Custódio ficamos em 17º lugar, a melhor colocação obtida naquela época por uma dupla carioca. Em 1992, novamente a chuva alterou bastante o Enduro. No 2º dia ao sairmos do neutro em Lima Duarte, em direção à Ibitipoca, fomos surpreendidos quando a organização cancelou o restante do dia, pois uma barreira havia caído e não havia condições de passar. Andamos uns 60 km debaixo de chuva, no asfalto até a BR040, pois todos os carros de apoio já haviam partido para Barbacena. Lá eu consegui uma carona de caminhão onde já estavam 11 outras motos. Luiz Custódio e Euclydes não tiveram a mesma sorte e foram rodando pela BR040. A viagem na carroceria do caminhão foi sinistra. Minha moto, que era a última, quase caiu várias vezes. A partir de 1993, com o fim das duplas para a minha categoria, passei a correr sozinha. Grande responsabilidade. Tive de aprender a me impor, pois estando sozinha, tem sempre algum esperto tentando passar por cima dos meus direitos. Entre tombos, discussões, quebras e outras dificuldades, consegui fazer muitos amigos. Única mulher novamente. Passei a ser patrocinada pela Du Loren. Em 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998 os Independências foram ficando mais rápidos, técnicos e difíceis, inclusive acho que isto afastou mais as mulheres. O Independência passou a ter quatro dias e a competitividade entre os pilotos passou a ser bastante acirrada. Dificuldades vencidas, e experiências adquiridas! Lembro que no de 1994, socorri um piloto NÚ, que estava passando mal, no fim do terceiro dia, perto de Ouro Preto. A cada novo ano muito mais segura, cada vez mais me distanciava do nervosismo que senti naquela 1ª largada em Parati, dez anos antes. Posso dizer, sem falsa modéstia, que sou a única mulher no Brasil que tem, em seu currículo, a participação em 24 edições do Enduro da Independência. Durante anos vivi a expectativa da criação de uma categoria feminina, que finalmente veio em 2008. Ainda fui por mais quase uma década, única mulher nas provas. Em 1999, com o advento da categoria over 40, eu já com 36 anos (é, os anos se passaram...), fui autorizada pelo TCMG a me inscrever nesta categoria. Em 2000, novamente na over 40, a prova foi excelente, bem rápida e técnica. Sai atrasada do neutralizado de Carvalhos (no segundo dia), por causa do congestionamento no posto de gasolina. O Euclydes estava um número atrás de mim. Após Bom Jardim de Minas, consegui entrar no tempo e, toda feliz, cheguei ao lado dele para avisá-lo que ali já estava. Foi quando embaraçamos os guidons a uns 80 kms por hora, fomos os dois para o chão. Nada aconteceu a ele, em contra partida, eu fiquei com o joelho e tornozelo virados para fora debaixo da moto. Completei o enduro e só eu sei as dores que senti. Só no Rio, três dias após o acidente, soube que tinha rompido os ligamentos do tornozelo e prejudicado ainda mais o meu já estragado joelho (coisas dos enduros da vida). O resultado foram algumas semanas de imobilização. Em 2001, já com a minha inscrição feita, soube que estava grávida. Fiquei fora, assim como em 90, mas vivi nos quatro anos em que não corri, uma outra mas não menos importante realidade do enduro: o apoio. Dessa vez levei meu filho (na época com 11 anos, para me ajudar no apoio). Em 2002, nasceu minha filha, Rebecca. Inscrevi-me, mas como tive um parto mais difícil e, por estar amamentando, não fui liberada pelo médico para andar de moto. Acabei indo de apoio com o Ian e com a Rebecca a tira colo. Em 2003, já estava novamente na ativa, mas ainda estava amamentado. Como não queria deixar de participar da prova e nem encerar a amamentação, decidi que a Rebecca iria para o enduro com a minha irmã e cunhado, assim eu poderia amamentá-la pela manhã, quando terminasse a prova e a noite. Desta vez a operação foi mais complexa, na verdade, foi uma loucura total, eu chegava da prova imunda e minha filha dizia: "Mamãe quero mama". Eu amamentava minha filha, cuidava das coisas dela, cuidada das coisas do meu filho mais velho (que estava fazendo nosso apoio em outro carro com um amigo), cuidava do nosso equipamento (meu e do meu marido) para o dia seguinte. Desfazia mala, fazia mala, enfim ia dormir tarde e tinha que acordar mais cedo que todos, pois tinha que amamentar a Rebecca e entregá-la para minha irmã e depois partir para mais um dia de prova. Na noite que pernoitamos em Tiradentes, minha filha não queira dormir de jeito nenhum, acabou dormindo lá para as 3:00hs da manhã, quando o despertador tocou às 4:30h, eu quis chorar. No meio de tudo isso, ainda cuidei das hospedagens e alimentação de duzentas e oitenta pessoas (entre pilotos e apoios). Foram cinco cidades e dezessete hotéis para comandar. Completei a prova, amamentei minha filha, dei conta de todos os hotéis e não tive nenhuma reclamação.
A "TURMA DA MONICA", que contou com a presença de: Mônica, marido, filhos, irmã, cunhado, sobrinha, apoio e mais duzentos e oitenta clientes, voltaram para suas casas satisfeitos. Em 2004, eu estava lá novamente, não posso dizer que foi uma das melhores edições, mas cheguei e ainda fui homenageada pelo TCMG, afinal dezenove Independências nas costas, não é para qualquer um. Em 2006, estava lá pela vigésima-segunda vez e optei por correr na categoria Over 50 com a autorização do TCMG... também já estava quase lá. Nervosismo nas provas O nervosismo de 1983 já não existe mais. Por ser realmente uma veterana, eu hoje em dia já penso diferente. Sempre estive ali para me divertir e aproveitar, pois sei que a minha rotina vai continuar quando a prova acabar (ser mãe, esposa, trabalhar, cantar...), por isso vou sem stress. O que der para fazer eu faço, senão não der tudo bem. Depois de uns anos, já não arriscava mais o meu pescoço. Com o passar dos anos as responsabilidades aumentam e você chega à conclusão que o acelerador da moto não precisar ter um curso tão grande. Categoria Feminina Durante anos vivi a expectativa da criação de uma categoria feminina, que finalmente veio em 2008. Demorou, mas se por um lado é ruim pelo fato de que as mulheres que estão começando agora são todas muito novinhas (afinal tenho idade para ser mãe de todas elas), assim a competição fica desigual (senão fosse verdade não teríamos categoria máster e over 50), por outro lado foi a minha insistência e determinação que fez com que outras mulheres começassem a fazer trilha. Querendo ou não, eu fui à pioneira e o grande exemplo que mulher pode sim entrar para esse esporte, mesmo casando, tento filhos, estudando, trabalhando... Eu fiz isso durante quase trinta anos, e quando comecei a correr tinha apenas dezenove anos. Participei de provas em Campeonato de Enduro de Regularidade, Enduro de Velocidade e Enduro Fim. Fiz faculdade, casei, tive dois filhos, trabalho e aos 44 anos tornei-me cantora. Claro que em uma determinada época não dava mais para fazer trilha todo fim de semana, fazer todas as outras provas, mas sempre deu para conciliar sem deixar nada de lado. É tudo questão de força de vontade. Quando se quer, se chega lá. Eu sou muito pé no chão, não vivo de sonhos. Durante muitos anos, vi muitas meninas começarem entusiasmadíssimas, mas nenhuma ficou mais de 2 anos. De 2006 para cá e que realmente apareceram mulheres que abraçaram o esporte. Sabrina Katana, Michelle Furmam, Bárbara Neves... O esporte é difícil sim: o aprendizado; tem os tombos; os machucados; as motos são altas e pesadas; a força física da mulher é diferente do homem; é complicado, principalmente em uma cidade como a minha, onde você se precisava andar de carro pelo menos uns 50 km para chegar em algum lugar seguro que se posso fazer trilha (hoje anda-se o dobro disso e ainda é perigoso). Tem que ter carro com carreta ou pick-up e ainda tem o problema delas arrumarem um namorado que não tem nada a ver com esporte (entra o conflito namoro x moto). Portanto senão tiver determinação, força de vontade e um pouco de sorte (para arrumar um namorado treieiro), ou ter um pai treieiro, ninguém continua. Sinceramente eu espero que a nova turma de mulheres, consiga como eu, permanecer e estar no esporte daqui há vinte anos, pois ai sim terá valido a pena investir na categoria feminina. Lições do Enduro Acho que a maior lição das trilhas e que deve ser levada para a nossa a vida pessoal, é a maneira como você encara um obstáculo que lhe parece intransponível. Toda vez que me deparo com obstáculo terrível, paro, penso e respiro. Vale mais a pena você perder um pouquinho de tempo e avaliar a situação, do que tentar passar de qualquer jeito. A chance de você fazer a coisa errada é muito grande e as conseqüências serão trágicas. Por outro lado, desistir nunca. Uso isso o tempo todo na minha vida pessoal e profissional. Mamãe Mônica Sempre conciliei minha vida de mãe com a de piloto. Um pouco para eles um pouco para mim. É claro que nem sempre é possível uma divisão igual, mas vamos levando... Penso que todos nós (eu, Euclydes, Ian e Rebecca) temos direitos e deveres. Ninguém é mais importante que ninguém, então temos que dividir nosso tempo. Até o Ian nascer, fazíamos trilhas e enduros todos os fins de semana. Quatro meses após o nascimento dele, voltei a andar de moto e combinamos que eu iria andar de quinze em quinze dias. Assim, um fim de semana era do Ian conosco, o outro era só nosso com as trilhas. Durante muitos anos fizemos dessa maneira. Rebecca nasceu em fevereiro de 2002 e por eu ter optado pela amamentação exclusiva no peito até o sétimo mês, só voltei a andar quando ela já tinha oito meses. A partir daí, a Rebecca entrou na rotina de nossas vidas, e passamos a dividir com ela também o nosso tempo. Outros Esportes Pratico também esqui de neve, esqui aquático, mergulho e jet-ski. Na verdade eu sempre fui considerada a maluquinha na minha casa. Eu comecei a namorar meu marido em 1978 (eu tinha quinze anos) e ele sempre gostou muito de esportes radicais, assim acabei aderindo. Quando resolvi radicalizar um pouco mais e me tornar cantora, em 2007, meu pai me disse: "Dentro de tudo que você faz, cantar é o mais próximo da normalidade." Hoje tenho 59 anos, além de piloto, sou cantora, casada há 37 anos com o Euclydes, e mãe do Ian (32 anos) e da Rebecca (20 anos). Rebecca é apaixonada por motos e quer muito ser piloto. Minha CRF230 está na garagem e ainda não estou aposentada. O microfone continua firme e forte, não só no canto, mas com o passar dos anos, abracei um novo desafio e assim me tornei tambem ativista política. Afinal... as duas Face de Eva: Matéria por: Mônica Cury Equipe Revista DigitAL Destaque André Lap - CEO & Diretor Adriel Alves - WebDesigner Ariel Alves - Designer Aija Alves - Designer Publicado por
Nas passarelas<\/em><\/p>
Conservatoria - 1982<\/em><\/p>
Ei 1984 - Largada em Parati\u00a0<\/em><\/p>
Chegada do EI de 1984 em BH.<\/p>
Chegada do EI de 1985 em BH -\u00a0Eu e minha parceira D\u00e9borah<\/em><\/p>
Consertando as motos no neutralizado.<\/em><\/p>
Chegada do Ei de 1986 em BH. Eu e Regina Petribu<\/em><\/p>
Largada de 1987<\/em><\/p>
Mat\u00e9ria do Estado de Minas em set 1987.\u00a0<\/em><\/p>
Largada do EI de 1988 - Petropolis - RJ<\/em><\/p>
Foto da revista Motoshow de setembro de 1988. Monica Cury e Luis Cust\u00f3dio - Pilotos Cariocas.<\/em><\/p>
Chegada em BH - 1988<\/em><\/p>
Mat\u00e9ria do Estado de Minas em set 1988.<\/em><\/p>
Largada do EI de 1991.<\/em><\/p>
1992 - 10.\u00ba Enduro da Independencia - Monica Cury e Adhemar Euclydes na largada no Barra Shopping - Rio de Janeiro - RJ.<\/em><\/p>
1992 - Jornal O Globo agosto 92<\/em><\/p>
10.\u00ba Enduro da Independencia. -\u00a0Mat\u00e9ria com Monica Cury no Jornal O Globo - agosto 1992<\/em><\/p>
1993 - 11\u00ba Enduro da Independencia\u00a0- Monica Cury, Adhemar Euclydes, Luiz Custodio e equipe de apoio antes da largada no Rio de Janeiro - RJ<\/em><\/p>
1993 - 11\u00ba Enduro da Independencia - Materia com Monica Cury no Jornal O Globo - set 1993.<\/em><\/p>
1993 - Monica Cury - Materia da Revista Manchete - out 1993<\/em><\/p>
1993 - 11\u00ba Enduro da Independencia - Materia com Monica Cury no Jornal O DIA - out 1993<\/em><\/p>
1994<\/em><\/p>
1994<\/em><\/p>
1995<\/em><\/p>
1995 - Largada no Barra Shopping - Com meu filho Ian.\u00a0<\/em><\/p>
1995<\/em><\/p>
Jornal O Globo - 7 de setembro de 1995 -\u00a0<\/em><\/p>
Largada em Nitero\u00ed - 1996<\/em><\/p>
1998<\/em><\/p>
Largada - 1999<\/em><\/p>
Largada em Itaguai - 2000<\/em><\/p>
Largada 2001 em Parati.<\/em><\/p>
Em 2005, novamente estive presente e mais uma vez como a \u00fanica mulher a competir.<\/em><\/p>
Em 2007, na comemora\u00e7\u00e3o do Jubileu de Prata, novamente na Over 50.<\/em><\/p>
2007<\/em><\/p>
2008<\/em><\/p>
2008<\/em><\/p>
2008<\/em><\/p>
2008<\/em><\/p>
2008<\/em><\/p>
2008<\/em><\/p>
2008<\/em><\/p>
2009 - 27\u00ba Enduro da Independencia - Chegada em Mogi das Curzes - SP
Este ano, como tinha tido um mes antes H1N1, n\u00e3o pude competir, ent\u00e3o eu e a a Rebecca fizemos apoio para a dupla Pai e Filho.
Adhemar Euclydes e Ian Cury, meu marido e nosso filho.<\/em><\/p>
Alguns trofeus e medalhas das competic\u00e7\u00f5es de Monica e Euclydes.<\/em><\/p>
A bela...<\/p>
E a fera.<\/p>
Ao navegar, você concorda com nosso uso de cookies. FecharMonica Cury - História no off-road
Nas passarelas
Conservatoria - 1982
Ei 1984 - Largada em Parati
Chegada do EI de 1984 em BH.
Chegada do EI de 1985 em BH - Eu e minha parceira Déborah
Consertando as motos no neutralizado.
Chegada do Ei de 1986 em BH. Eu e Regina Petribu
Largada de 1987
Matéria do Estado de Minas em set 1987.
Largada do EI de 1988 - Petropolis - RJ
Foto da revista Motoshow de setembro de 1988. Monica Cury e Luis Custódio - Pilotos Cariocas.
Chegada em BH - 1988
Matéria do Estado de Minas em set 1988.
Largada do EI de 1991.
1992 - 10.º Enduro da Independencia - Monica Cury e Adhemar Euclydes na largada no Barra Shopping - Rio de Janeiro - RJ.
1992 - Jornal O Globo agosto 92
10.º Enduro da Independencia. - Matéria com Monica Cury no Jornal O Globo - agosto 1992
1993 - 11º Enduro da Independencia - Monica Cury, Adhemar Euclydes, Luiz Custodio e equipe de apoio antes da largada no Rio de Janeiro - RJ
1993 - 11º Enduro da Independencia - Materia com Monica Cury no Jornal O Globo - set 1993.
1993 - Monica Cury - Materia da Revista Manchete - out 1993
1993 - 11º Enduro da Independencia - Materia com Monica Cury no Jornal O DIA - out 1993
1994
1994
1995
1995 - Largada no Barra Shopping - Com meu filho Ian.
1995
Jornal O Globo - 7 de setembro de 1995 -
Largada em Niteroí - 1996
1998
Largada - 1999
Largada em Itaguai - 2000
Largada 2001 em Parati.
Em 2005, novamente estive presente e mais uma vez como a única mulher a competir.
Em 2007, na comemoração do Jubileu de Prata, novamente na Over 50.
2007
2008
2008
2008
2008
2008
2008
2008
2009 - 27º Enduro da Independencia - Chegada em Mogi das Curzes - SP
Este ano, como tinha tido um mes antes H1N1, não pude competir, então eu e a a Rebecca fizemos apoio para a dupla Pai e Filho.
Adhemar Euclydes e Ian Cury, meu marido e nosso filho.
Alguns trofeus e medalhas das competicções de Monica e Euclydes.
A bela...
E a fera.
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em 10/08/2022 às 15:53